Friday, June 22, 2007

Ballet Comique de la Reyne


No mundo do Renascimento em vias de secularização, as artes que estavam até então a serviço da Igreja, tornaram-se símbolo de riqueza e poder.
Quando Catarina de Médici, bisneta de Lourenço, o Magnífico, foi para a França para se casar com o duque de Orléans (futuro Henrique II), trouxe consigo um grupo de músicos, dançarinos e coreógrafos da corte de Florença. Baldassari de Belgiojoso, que afrancesou o seu nome para Balthasar de Beaujoyeux, transformou o ballet da corte em ballet teatral.
Em 1581, na corte de Henrique III, em Fontaineblau, ele realizou o Ballet Comique de la Reine, juntando pela primeira vez a dança, a música e o drama teatral, em torno do tema mitológico da feiticeira Circe, utilizou amplamente maquinaria e jorros de água, criando um espectáculo nocturno de seis horas e dez mil espectadores. O sucesso foi enorme, cópias da música, libreto, foram enviadas a todas as cortes da Europa. Tinha nascido o ballet clássico.


O Ballet Comique de la Reine, foi encenado pelos próprios nobres da corte, e contou ainda com a participação da rainha e das suas damas de honra, tendo como convidados, mais de dez mil pessoas. Teve um custo de três milhões e meio de francos.

Claro, que este início está longe de representar o Ballet como o conhecemos actualmente, a sua parte técnica misturava-se com danças populares.

O Ballet atinge a sua popularidade, quase 100 anos mais tarde, através do Rei Luís XIV.


O seu título, “Rei Sol” vem do triunfante espectáculo “Ballet Royal de La Nuit”, montado em 1653, onde Luís XIV foi associado ao astro-rei.
Têm-se conhecimento de que esta peça tenha durado mais de 12 horas.
Neste espectáculo, o Sol entrava no salão, com a finalidade de clarear e livrar uma casa em chamas (a França) de saqueadores (o povo), que assim agiam protegidos sob a escuridão da Noite. Com ele entravam também a Honra, a Graça, o Amor, a Riqueza, a Vitória, A Fama e a Paz.

Em 1661, foi criada a Académie Royale de la Danse, que pode ser considerada a primeira escola destinada a sistematizar o ensino do Ballet, desenvolvendo um esquema básico e rígido de posições de cabeça, tronco, braços e pernas, sob a fundamental orientação de Pierre Beauchamps.


A partir de então o Ballet era dançado por profissionais e passou a ser apresentado para um público pagante em teatros, o que, certamente, modificou as relações anteriores entre espectador e artista.
Em 1725, Pierre Rameau, definiu a posição “en dehors” dos pés e as cinco posições fundamentais da dança clássica.
Os movimentos na dança eram limitados pelos complicados e pesados figurinos.
Uma das mais famosas bailarinas foi Marie Camargo, que causou sensação por encurtar sua saia até a canela, calçar sapatos leves e assim poder mostrar os passos executados, além de dançar sem peruca, com o cabelo desalinhado.

Em breve, outras bailarinas copiavam-lhe as inovações, sendo finalmente adoptadas as saias transparentes conhecidas por “tutu”, que são a marca de toda a bailarina clássica.

Na era romântica do Ballet (1830 a 1870), o mistério estava presente, as imagens sobrenaturais, sombras, espíritos, bruxas, fadas, caracterizavam um mundo de sonhos e fantasias.
Desse modo, os progressos científicos da época contribuíram para a realização dos ideais românticos em espetáculos cénicos.
A ILUMINAÇÃO A GÁS, foi responsável por belos, surpreendentes e fantásticos efeitos. No entanto, muitos acidentes aconteciam, pois algumas bailarinas, ao passarem pelos bastidores, tinham as suas roupas incendiadas.
Outro progresso significativo foi o surgimento dos saltos e “Pas de Deux”.
Para dar maior sensação de elevação, as bailarinas eram suspensas por arames de engenhoso maquinismo, para dar maior ilusão do sobrenatural. Isso fazia com que as mulheres conseguissem encostar sómente os dedos dos pés no chão.
Os sapatos de ponta vieram realizar o ideal romântico que se tornaria definitivamente o símbolo da bailarina clássica, e substituiria os engenhos mirabolantes utilizados até
então.
Marie Taglione foi uma das primeiras bailarinas a utilizar sapatos especiais de pontas, dando a ilusão de que saía do chão.
Foi feito para ela o que é considerado o primeiro Ballet Romântico: “La Sílfide”.

Durante estes primeiros anos de conhecimento e desenvolvimento na técnica de ponta não existiam sapatos especiais; as bailarinas acolchoavam, forravam os seus sapatos com algodão, lã e cerziam as pontas, para que elas dessem uma estabilidade maior.


Os modernos sapatos de ponta apareceram durante o ano de 1860, e têm sido desenvolvidos até hoje para proporcionar maior conforto sem causar lesões.
O ballet foi-se tornando uma regularidade na corte francesa que cada vez mais o aprimorava em ocasiões especiais. Enquanto as demais danças surgiam e desapareciam com a mesma rapidez, o ballet tornou-se uma arte imortal, sem nunca esquecer de retratar o momento histórico da época.
Tradicionalmente o período do carnaval, que começava então em Janeiro, era festejado com muitos espectáculos de ballet e a utilização de máscaras era fundamental para tal comemoração.
Os Ballets de Máscaras vieram a introduzir um novo estilo para a dança, deixando de ser muito teatral, aliando-se apenas ao puro divertimento da corte.
A perfeição técnica e o virtuosismo académico do Ballet era sentido no final do século XVII e início do século XVIII.
O centro mundial da dança transferiu-se de Paris, para Moscou.
E a arte do Ballet, expandiu-se por toda parte, sendo cada vez mais difundida e aperfeiçoada enquanto técnica e arte.
Os famosos Ballets que foram compostos nesta época, são eternizados nos palcos de todo mundo até os dias actuais, são os chamados “Ballets de Repertório”, onde a música, a coreografia, o figurino e todo o virtuosismo, são mantidos por bailarinos que possuem a imensa responsabilidade de imortalizar a dança.
Alguns dos Ballets de Repertório mais famosos que existem são:

“O Quebra – Nozes”

“Gisele”

“O Lago dos Cisnes”

"A Bela Adormecida”

“Paquita”



“Don Quixote”

"Carmen"

entre tantos outros.

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